terça-feira, 8 de agosto de 2023

Eu não queria ir às JMJLISBOA2023, a razão obrigou… A BONDADE GANHOU!


Sim, é verdade, mesmo depois de ter participado nas JMJ de 2011 em Madrid, de 2016 em Cracóvia, durante muito tempo andei desinteressado das JMJ 2023. Não consigo explicar a desmotivação, mas parecia que não seria mar para navegar. Depois e com as vicissitudes da vida, vim para as paróquias de Câmara de Lobos e do Carmo e o pe. Marcos Pinto pediu que eu acompanhasse, com mais um outro adulto, um grupo de “alguns” jovens (que se tornaram em 42…) Medos, barreiras pessoais, trabalho académico, tudo me dizia para não ir. Tudo na minha cabeça dizia que ir à JMJ não era bom e não seria no timing certo. Mas há cerca de mês e meio, a razão teve que falar mais alto do que o coração e fui. 
    
Fui com muitos medos, mas sabendo ao que ia. Fui com a expectativa que seria a melhor JMJ de sempre porque era Portugal a organizar. Achei que ia ser uma semana para nunca mais esquecer. E foi! Foi muito mais que eu esperava a todos os níveis. 

O grupo que acompanhei teve enormes dificuldades de adaptabilidade às condições, transporte, alojamento e alimentação, não conseguindo, infelizmente, saborear muito mais que os eventos centrais, tal era a dificuldade de chegar “a casa”. Dormir no chão nunca foi problema, agora noites a dormir 1 a 3 horas, isso acaba com qualquer um. 

Queria parabenizar todos os envolvidos naquele que foi o maior acontecimento em Portugal. Sim o maior de sempre! Nunca nada nem ninguém organizou algo assim. 

Queria agradecer o mar de bondade e tranquilidade que fui vendo nos diversos momentos. Aliás, creio mesmo que a grande vitória das JMJ é essa: a vitória da bondade. Mas que bondade é esta? A do Papa Francisco? A dos jovens? A dos padres bispos e freiras? A da Igreja? Não apenas essa, mas sobretudo, a bondade de Deus a atuar em todos nós! 

A bondade ganhou! Mesmo que todos não caibam na mesma divisão da casa para TODOS, TODOS, TODOS, de cada espaço cada um espreitou pela mesma janela, a da Fé, Esperança e Caridade. 
Obrigado ao Papa Francisco pela sua pedagogia humanista, pela forma simples e apaixonada como nos quis fazer ver que estávamos ali para sermos, ainda mais, instrumentos de bem de amor, instrumentos de Deus, porque a “Casa” que é a Igreja também é a minha casa! 

Mesmo que não quisesse ir vim melhor do que fui, por isso obrigado JMJLISBOA2023!

Pe. Pedro Nóbrega 08-08-2023




quinta-feira, 14 de outubro de 2021

UNIDADE NÃO É UNIFORMIDADE

Nos próximos dias teremos na Diocese do Funchal, um evento que se quer congregador e despertador da fé, da história e da sociedade madeirense em relação a São Tiago Menor. Poucos cristãos madeirenses, até há pouco tempo, se preocupava ou sabia da importância do São Tiago menor. Este foi há 500 anos escolhido em sorte, para ser o protetor conta a peste. Hoje o desejo é dar a conhecer a sua história, dar a conhecer o seu contexto bíblico a sua apostolicidade e o seu testemunho de santidade. É por isso que a passagem das relíquias me tem levado a ler algumas coisas interessantes. Não estejam à espera apenas de coisas bonitas sobre o tema. Fiz um apanhado de alguns artigos interessantes que nos podem ajudar na reflexão, tão importante no nosso tempo sobre este tema.  Artigos estes que não esgotam, pelo contrário, ajudam a abrir mais horizontes sobre o tema. Que estes artigos ajudem a um discernimento que não se esgota na visão de cada um. Pensar é mãe de muitos caminhos novos e pensamentos ainda mais clarificados. 
















BOAS LEITURAS












terça-feira, 5 de outubro de 2021

A dor na alma é mais perigosa que a dor física...

    
    Alguém inspirado, escreveu, em tempos, o seguinte: “A dor na alma é mais perigosa que a dor física, pois carrega um silêncio que destrói...” Que sabedoria tem esta expressão. Quanta verdade, quanta vida, quanta morte. Desculpem todos os que se derem ao trabalho de ler estas linhas mas, hoje, a minha ideia é  falar-vos do contraste desta foto, dos momentos que parecem ser especiais, mas mais não são que dolorosos e infinitamente vazios. 
Faz, neste dia 5 de outubro, precisamente um ano que me tiraram esta foto. Quando a vi, pensei logo no uau que ela estava. No entanto, hoje ao refletir nela, pensava em como estava naquele tempo em que foi tirada, como ia a alma, a vida e o coração e o desejo de viver. 
Ao olhar esta foto contemplo a escuridão da minha alma naquele tempo duro da vida, a desesperança, o desejo de deitar por terra todos os sonhos, a inconfundível tristeza que me ia no coração. Quanto à vida naquele tempo eu não vivia, eu sobrevivia. Fazia acontecer na vida dos outros muita coisa que não acreditava possível. Estava quase numa crise de identidade que me levou a perguntar por inúmeras vezes o que fazia eu aqui... Que necessidade tinha o mundo de me continuar a aturar e a suportar? O coração palpitava, mas só o fazia porque tinha que ser, não porque fosse minha vontade viver. O vazio foi tão grande que o desejo de viver confundiu-se por inúmeras vezes com o desejo de morrer. 
Hoje, quando olho para esta imagem, pergunto-me novamente o porquê de naquele dia querer fazer daquele longínquo horizonte o meu lugar? Sim, o desejo era ir e nunca mais contemplar ninguém, mesmo ninguém... 
Há erros que nos tornam muito vazios, fechados e envergonhados com os passos que damos. Erros que nos levam a querer isso mesmo, morrer. Não por querer desistir, mas por querer acabar o sofrimento... 
Hoje, olho para esta imagem e compreendo que muitos dos sonhos tinham sido só adiados, porque do outro lado da escuridão estavam alguns anjos a dizer para me agarrar aos anjos deste mundo que, percebendo o que se passava, queriam erguer-me. Anjos que não se limitaram a um desenrasca-te, mas que tudo fizeram para que eu sentisse que por enquanto o meu lugar era aqui! 
Com esta imagem e estas palavras quero, mais uma vez, agradecer a quem me quis vivo. Quero despreocupar quem, vendo o barco a afundar, não se preocupou em fazer nada e apenas se limitou a ver. A esses o meu obrigado por me ajudarem a ver melhor. Quero agradecer a quem me quis ajudar e eu não deixei. Sim, não deixei. Não queria mostrar que precisava, que estava no fundo. A ti, que quiseste e eu não deixei, não te preocupes... eu sei que desejaste. 
A vida por vezes é como um comboio que passa sem deixar um rasto da sua passagem. Mas, todos quantos quiseram ver-me vivo e empurraram-me para dentro da vossa carruajem... a vocês que isso fizeram obrigado. 
Desculpa se este texto te magoou, se porventura ele te fez dizer: “eu sabia que se passava algo...”, mas se não te preocupaste comigo, não te preocupes agora, a vida continua, há sempre um hoje e amanhã! 
Agora o que fazer? Viver acreditando que os sonhos, mesmo que tarde, se vão tornar vida. Viver acreditando que não há instituição maior que a amizade e o amor verdadeiros e que há muitos que passam por nós e apenas nos deixam sós, e muitos levam e percebem um pouco de nós! 
       
       Um abraço a ti que chegaste ao fim deste meu texto! 
    Lembra-te que a vida continua pois como ainda hoje postei ”Vives como se tivesses sempre um comboio para apanhar. Mas às vezes a felicidade não está na carruagem, mas na paragem!”

  Pedro Nóbrega 
05-10-2021


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Está decidido! Eu quero morrer!!!



Muitos têm sido os debates em torno da Eutanásia e da Morte Assistida que temos assistido nos últimos tempos. Felizmente que o pluralismo social e a liberdade de pensamento nos têm levado a uma dinâmica que não passa apenas pelo sim ou pelo não. Vai muito para além disso.
Ainda na passada segunda-feira (17 de fevereiro de 2020), no debate promovido pelo Prós e Contras, vimos diversos pontos de vista e ouvimos: constitucionalistas, advogados, políticos, médicos, treinadores de futebol, crentes e não crentes. Foi um debate de alguma elevação e que trouxe, a meu ver, o ponto principal no meio de tudo isto, o princípio da autonomia.
Todos somos livres, condicionados por muitos factores, mas felizmente, livres para tomar diversas opções na nossa vida. No entanto, existe uma em específico que, por mais livres que sejamos, não a podemos tomar: a de viver!
Ouvimos vários intervenientes dizer que a Eutanásia feria a vida e que eram sim necessários os cuidados paliativos. Ouvimos outros dizer que temos que ter cuidado com a obstinação terapêutica, que muitas vezes não cuida, apenas prolonga de forma cruel a vida. Ouvimos ainda quem falasse de uma escolha plena de liberdade, no sentido de não ser necessária análise de ninguém, apenas o direito a morrer e ponto final.
Depois o ex-deputado Adolfo Mesquita Nunes levantou aquela que, quanto a mim, é a questão principal, a tal e afamada, desejada, venerada e idolatrada liberdade de escolha, que mais não é que uma escolha muito condicionada por uma análise clínica que a pode declinar. Com isto percebemos que a Eutanásia não é de modo algum aquilo que a própria palavra quer traduzir, não é uma morte feliz por escolha pessoal, mas sim por escolha de outros (leia-se comissão de médicos e outros profissionais, que decide).
Então, o que se está a decidir é tornar legal algo que é crime. Nada mais que isso! Não prolonguemos esta mentira pegada de populismo demagógico que apenas confunde as pessoas.
No ano 2018, mais precisamente, no dia 26 de Março pelas 14:30 mais coisa menos coisa, a minha mãe diz “Se houvesse a Eutanásia, eu pediria.” As dores eram muitas e a medicação não estava a fazer efeito. A terapia da dor, (que acredito que tenha procurado fazer o melhor) tinha tirado a terapêutica prescrita pela oncologista que a acompanhava e posto algo que “não estava a funcionar.” Aquilo para mim foi um soar bem alto ao ouvido: “Pedro faz alguma coisa, mexe-te!” Falei com a médica que a acompanhava e a terapêutica foi novamente ajustada. Nesse dia 26 à noite fui ao hospital novamente, e aquela mulher que gemia de dor, sorria de esperança!!! 
Às vezes pode não parecer, mas mais que fazer o doente sofrer há que criar condições de conforto na doença e simplesmente procurar tudo para os confortar! Foi também essa a noite em que tive aquela conversa onde se fala de tudo, se agradece tudo e se pede perdão pelo que não conseguimos fazer de melhor! 
Nunca será fácil recordar aqueles meses de terapêuticas atrás de terapêuticas, mas também seria para mim difícil se as coisas, que culminaram no dia 31 de Março, não tivessem acontecido de forma natural...
Deixem-me morrer quando a vida assim o determinar e não houver mais terapêutica que me possa ajudar, deixem-me morrer quando tiver que ser e como tiver que ser.
Sim, porque no fundo eu já decidi, não quero que me matem, quero é morrer!

Pe. Pedro Nóbrega 
19-02-2020

quarta-feira, 11 de julho de 2018

IR À MISSA? ESTOU A PERDER O MEU TEMPO...


Um frequentador de uma Igreja Católica escreveu a seguinte mensagem num jornal:

"Frequento a Igreja há 30 anos e durante este tempo devo ter ouvido umas 3.000 pregações. Mas, com exceção de uma ou outra, eu não consigo lembrar-me da maioria delas. Por isso, acho que estou a perder o meu tempo e os padres também".

Essa carta divulgada no jornal gerou uma grande discussão e gerou uma sábia resposta de um leitor:

"Estou casado há mais de 30 anos e durante esse tempo a minha mulher deve ter cozinhado umas 9.000 refeições. Mas, com exceção de uma ou outra, não consigo lembrar-me da maioria delas. Mas uma coisa eu sei: todas elas nutriram-me, alimentaram-me e deram-me a força necessária para fazer as minhas atividades. Sem essas refeições, eu e os nossos filhos estaríamos desnutridos, fracos, desanimados ou até mortos. Da mesma maneira, se eu não tivesse ido à Igreja para alimentar a minha vida, a minha alma e a da minha família, estaríamos hoje em terríveis condições espirituais".

Não deixemos de nos reunir como Igreja, mas animemo-nos uns aos outros (cf. Heb 10, 25).

sexta-feira, 1 de junho de 2018

A vida que a morte dá...


A vida que a morte dá, parece ser tão esquisita, mas tem sido tão sinal de esperança e de amor! Passaram dois meses... E os dias têm sido como raios de sol em que a morte se confunde com a vida gerada desde então.
A morte da minha mãe abriu, no coração de muitos, um vazio muito grande. O arrancar da sua vida da nossa foi um golpe que demora a sarar e a perceber de onde e porque brotou tão cedo. Contudo, esta morte foi também um enorme sinal de esperança e de liberdade: Esperança porque a nossa vida não é, sobretudo para quem tem fé, os dias que contamos na materialidade deste mundo. A nossa vida é o caminhar para a eternidade, para o céu; Liberdade, porque o sofrimento que gera a agonia, apesar de muitas vezes consequência das diversas doenças e tratamentos, nunca é caminho de vida de ninguém.
Por isso quero muito agradecer, agradecer e rezar cada dia, agradecer e rezar por cada palavra, gesto, por cada sinal de amor que fui recebendo ao longo deste tempo. Que toda a vida gerada pela morte de alguém nos leve a todos a compreender que estamos no mundo para ser, até ao fim, sinal de Esperança e de Amor!

Pe. Pedro 

Eu não queria ir às JMJLISBOA2023, a razão obrigou… A BONDADE GANHOU!

Sim, é verdade, mesmo depois de ter participado nas JMJ de 2011 em Madrid, de 2016 em Cracóvia, durante muito tempo andei desinteressado das...