A aventura do seguimento de Cristo, Bom Pastor
O Dia Mundial de Oração pelas Vocações no IV Domingo da
Páscoa, em que nos surge a imagem do Bom Pastor, deixa-nos a contemplar a
aventura de seguimento que, já há dois mil anos, acontece na vida de tantos.
Deus coloca no coração de muitos jovens um amor que faz sonhar horizontes de
dedicação, de justiça e de bem. Um amor traduzido por uma generosidade e
dedicação permanente e identificado com Cristo. Um amor que dispõe o jovem a
uma disponibilidade para uma aventura de vida que só se entende por uma feliz experiência
de Fé.
Alguns cristãos não nutrem apreço pela vida de especial
consagração por não admitirem a renúncia a afetos a que todos nascem com
direito. De facto, o seguimento de Cristo pede a alguns a capacidade de
renúncia, mas isso não é castigo, é privilégio porque significa a disposição e
a capacidade dada por Deus para amar e servir na melhor identificação com Cristo,
Bom Pastor. Amar sempre, embora com renúncias: é o dom de uma verdadeira vocação
a ser chama viva de um amor infinito e eterno. Quando assim acontece, damos glória
a Deus e a Igreja aparece como experiência de caminho, verdade e vida. Deus
continua a chamar e isso é evidente pela necessidade de sacerdotes, vocações
religiosas e de leigos consagrados para assegurar missões específicas de
evangelização. Rezemos por esta intenção da Igreja: as Vocações.
P. José Traquina
Da
carta do Beato João Paulo II aos sacerdotes em 1979
"Irmãos queridos, vós que suportais «o peso do dia e o
calor», que pusestes a mão ao arado e não olhais para trás, e talvez
mais ainda vós que duvidais do sentido da vossa vocação, ou do valor do vosso
serviço: pensai naqueles lugares onde os homens esperam com ansiedade por um
Sacerdote. Sentindo há muitos anos a sua falta, não cessam de suspirar pela sua
presença. Por vezes, até se reúnem nalgum Santuário abandonado e, colocada
sobre o altar a estola ainda conservada, assim recitam todas as orações da
Liturgia eucarística; e então, no momento que corresponderia à
transubstanciação, desce sobre eles um silêncio profundo, por vezes
interrompido talvez por choro incontido... tão ardentemente desejam ouvir
aquelas palavras que só os lábios de um Sacerdote podem eficazmente pronunciar!
Quão vivamente desejam a Comunhão eucarística, da qual se
podem tornar participantes somente em virtude do ministério sacerdotal! E com
que ansiedade anelam ouvir as palavras divinas do perdão: Eu te absolvo dos
teus pecados! Quão profundamente, sentem a ausência de algum Sacerdote do meio
deles!
Lugares assim não faltam no mundo dos nossos dias. Se algum de vós
duvida, pois, do sentido do seu sacerdócio, se porventura pensa que ele é
«socialmente» infrutuoso ou até inútil, reflicta sobre isto! É preciso
converter-nos todos os dias, redescobrir cada dia o dom recebido do próprio
Cristo no sacramento da Ordem, penetrando na importância da missão salifica da
Igreja e reflectindo sobre o grande significado da nossa vocação à luz de tal
missão."