sexta-feira, 15 de outubro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

3 dias com o Papa Bento XVI em Portugal. Eu estive!!!

Eu Acredito ! Maio 2010 - Jovens e Papa from João Valentim on Vimeo.

Papa Bento XVI aos Jovens no Reino Unido


Queridos irmãos e irmãs em Cristo, Queridos jovens.

Há algo que está muito forte em meu coração para dizer-vos. Tenho a esperança que entre vós, que hoje estais aqui para ouvir-me, haja alguns dos futuros santos do século XXI. O que Deus mais quer para cada um de vós é que vos torneis santos. Ele vos ama muito mais que possais imaginar e deseja o melhor para vós. E a melhor coisa de todas para vós é, de longe, o crescer em santidade.

Talvez alguns de vós jamais tivésseis pensado nisso antes de agora. Talvez alguns pensem que ser santo não seja para si. Deixai-me explicar o que quero dizer. Quando se é jovem, pensamos geralmente em pessoas que estimamos e admiramos, pessoas às quais desejamos nos assemelhar. Poderia tratar-se de alguém que encontramos na nossa vida cotidiana e por quem tenhamos grande estima. Ou poderia ser alguém famoso. Vivemos em uma cultura da celebridade, e os jovens, muitas vezes, são incentivados a ter como modelo figuras do mundo do esporte ou do espetáculo. Desejo fazer-vos esta pergunta: Quais são as qualidades que vedes nos outros e que vós mesmos mais desejaríeis possuir? Qual tipo de pessoa desejaríeis ser de verdade?
Quando vos convido a tornar-vos santos, estou pedindo-vos que não vos contenteis com escolhas de segunda mão. Estou pedindo-vos que não persigam um objetivo limitado, ignorando todos os outros. Ter dinheiro torna possível sermos generosos e fazer o bem no mundo, mas, por si só, não é suficiente para fazer-vos felizes. Ser altamente qualificado em alguma atividade ou profissão é uma coisa boa, mas não poderá nunca satisfazê-los a ponto de dispensar a aspiração por algo ainda maior. Poderá tornar-nos famosos, mas não nos fará felizes. A felicidade é algo que todos desejamos, mas uma das grandes tragédias deste mundo é que muitas pessoas nunca conseguem encontrá-la, porque a procuram nos lugares errados. A solução é muito simples: a verdadeira felicidade é encontrada em Deus. Precisamos ter a coragem de colocar as nossas esperanças mais profundas somente em Deus: não no dinheiro, numa carreira, no sucesso mundano, ou nas nossas relações com os outros, mas em Deus. Somente Ele pode satisfazer as necessidades mais profundas do nosso coração.

Deus não somente nos ama com uma profundidade e intensidade que dificilmente podemos imaginar: Ele convida-nos a responder a esse amor. Todos vós sabeis o que acontece quando encontrais alguém interessante e atraente, como desejaríeis serem amigos daquela pessoa. Esperais sempre que aquela pessoa considere-vos interessantes e atraentes e deseje fazer amizade convosco. Deus deseja a vossa amizade. E, uma vez que vós tenhais entrado na amizade com Deus, tudo na vossa vida começa a mudar. À medida que O conhecereis melhor, percebereis o desejo de refletir na vossa própria vida algo de Sua infinita bondade. Sereis atraídos pela prática da virtude. Começareis a ver a ganância e o egoísmo, e todos os outros pecados, como eles realmente são, tendências destrutivas e perigosas que causam profundo sofrimento e grande dano, e desejareis evitar cair naquelas armadilhas. Começareis a sentir compaixão por aqueles que estão em dificuldade e desejareis fazer algo para ajudá-los. Desejareis ajudar os pobres e famintos, confortar o sofredor, serem bons e generosos. Quando essas coisas começarem a estar em vossos corações, estareis já plenamente encaminhados na via da santidade.

Há sempre um horizonte maior, nas vossas escolas católicas, acima e para além dos temas específicos do vosso estudo e das várias capacidades que aprendeis. Todo o trabalho que fazeis está inserido no contexto do crescimento na amizade com Deus, e daquela amizade deve partir todo o trabalho. Desse modo, aprendeis não somente a ser bons estudantes, mas bons cidadãos e boas pessoas. Enquanto prosseguíeis com o percurso escolar, deveis tomar a decisão sobre o que estudar, e começar a especializar-vos frente ao que fareis na vida. Isso é justo e conveniente. Mas lembrai-vos sempre que toda a matéria que estudais se insere em um horizonte mais amplo. Não vos reduzíeis jamais a um horizonte restrito. O mundo precisa de bons cientistas, mas uma perspectiva científica tornada perigosamente estreita ignora a dimensão ética e religiosa da vida, assim como quando a religião torna-se estreita, rejeita-se a legítima contribuição da ciência à nossa compreensão do mundo. Precisamos de bons historiadores, filósofos e economistas, mas se a percepção que oferecem da vida humana no interior do seu campo específico é centrada em uma perspectiva demasiado estreita, podem seriamente levar-nos à perdição.

Uma boa escola oferece uma formação completa para a pessoa inteira. E uma boa escola católica, acima e para além desse aspecto, deveria ajudar os seus estudantes a tornarem-se santos. Sei que há muitos não católicos que estudam em escolas católicas na Grã-Bretanha e desejo dirigir-me a vós com minhas palavras de hoje. Rezo para que também vós sejais encorajados a praticar a virtude e crescer na consciência e amizade com Deus, juntamente com seus companheiros católicos. Vós sois para eles a lembrança de um horizonte mais amplo que existe fora da escola e, sem sombra de dúvidas, o respeito e a amizade entre os membros de diferentes tradições religiosas deve estar entre as virtudes que são aprendidas em uma escola católica. Espero também que desejeis compartilhar com outros os valores e ensinamentos aprendidos através da formação cristã recebida.

Queridos amigos, agradeço-vos pela vossa atenção, prometo que rezarei por vós e peço-vos que rezeis por mim. Espero ver muitos de vós em agosto próximo na Jornada Mundial da Juventude, em Madri. Nesse meio tempo, que Deus abençoe a todos vós!

Bollettino della Sala Stampa della Santa Sede
(tradução de Leonardo Meira - equipe CN Notícias)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"Precisamos de Santos" - João Paulo II


Precisamos de Santos sem véu ou batina.
Precisamos de Santos de calças jeans e tênis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos.
Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar, mas que se "lascam" na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham tempo todo o dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem a sua castidade.
Precisamos de Santos modernos, santos do século XXI, com uma espiritualidade inserida no nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de Santos que bebam coca-cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem disc man.
Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refrigerante ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de desporto.
Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.
Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos".

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Vocações


Beatíssimo Padre, sabemos que os nossos seminários não estão cheios e que, no futuro, em várias partes do mundo, esperamos uma diminuição, até brusca. O que fazer de verdadeiramente eficaz pelas vocações? Como propor a nossa vida, no que nela existe de grande e de belo, a um jovem do nosso tempo?

PAPA BENTO XVI – Obrigado. Realmente o senhor refere-se de novo a um problema grande e doloroso do nosso tempo: a falta de vocações, devido à qual as Igrejas locais correm o risco de se tornar áridas, porque falta a Palavra de vida, falta a presença do sacramento da Eucaristia e dos outros Sacramentos.

Que fazer? A tentação é grande: tomar nós próprios as rédeas do problema, transformar o sacerdócio o sacramento de Cristo, o ser eleito por Ele numa profissão normal, num "job" que ocupa as suas horas, e o resto do dia pertencer só a si mesmo; e deste modo tornando-o como qualquer outra vocação: torná-lo acessível e fácil. Mas esta é uma tentação que não resolve o problema.

Faz-me pensar na história de Saul, rei de Israel, que antes da batalha contra os Filisteus espera Samuel para o necessário sacrifício a Deus. E quando Samuel, no momento esperado, não vem, ele mesmo realiza o sacrifício, mesmo não sendo sacerdote (cf. 1 Sm 13); pensa que assim resolve o problema, que naturalmente não resolve, porque assume ele mesmo aquilo que não pode fazer, torna-se ele mesmo Deus, ou quase, e não pode esperar que as coisas procedam realmente à maneira de Deus.

Assim, também nós, se desempenhássemos só uma profissão como outros, renunciando à sacralidade, à novidade, à diversidade do sacramento que só Deus dá, que só pode vir da sua vocação e não do nosso "fazer", nada resolveríamos.

Por isso devemos como nos convida o Senhor rezar a Deus, bater à porta do coração de Deus, para que nos conceda as vocações; rezar com grande insistência, com grande determinação, com grande convicção, porque Deus não se fecha a uma oração insistente, permanente, confiante, mesmo se deixa fazer, esperar, como Saul, além dos tempos que nós previmos. Este parece-me o primeiro ponto: encorajar os fiéis a ter esta humildade, esta confiança, esta coragem de rezar com insistência pelas vocações, de bater à porta do coração de Deus para que nos conceda sacerdotes.

Além disto, acrescentaria talvez três aspectos: o primeiro: cada um de nós deveria fazer o possível para viver o próprio sacerdócio de tal modo que seja convincente, de maneira que os jovens possam dizer: esta é uma verdadeira vocação, assim pode-se viver, assim faz-se uma coisa essencial para o mundo. Penso que nenhum de nós se teria tornado sacerdote, se não tivesse conhecido sacerdotes convincentes nos quais ardia o fogo do amor de Cristo. Portanto, este é o primeiro aspecto: procuremos ser nós mesmos sacerdotes convincentes.

O segundo, é que devemos convidar, como já disse, para a iniciativa da oração, para ter esta humildade, esta confiança de falar com Deus, com força, com decisão.

O terceiro aspecto: ter a coragem de falar com os jovens, se podem pensar que Deus os chame, porque muitas vezes é necessária uma palavra humana para predispor para a escuta à vocação divina; falar com os jovens e sobretudo ajudá-los a encontrar um contexto vital no qual possam viver.

O mundo de hoje é tal que parece quase excluída a maturação de uma vocação sacerdotal; os jovens precisam de ambientes nos quais se viva a fé, nos quais sobressaia a beleza da fé, nos quais sobressaia que este é um modelo de vida, "o" modelo de vida, e portanto ajudá-los a encontrar movimentos, ou a paróquia – a comunidade na paróquia – ou outros contextos nos quais estejam realmente circundados pela fé, pelo amor de Deus, e possam portanto abrir-se para que a vocação de Deus os alcance e ajude.

De resto, demos graças ao Senhor por todos os seminaristas do nosso tempo, pelos jovens sacerdotes, e rezemos. O Senhor ajudar-nos-á! Obrigado a todos vós!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Três coisas...

Queridos amigos, hoje apetece-me partilhar-vos uns sentimentos que me vão na mente, sentimentos que presumo sejam comuns a muitos homens e mulheres do nosso tempo, da nosso espaço, da nossa vida.
Na verdade, queria falar-vos sobre a alegria que senti na visita do Santo Padre a Portugal, queria meditar sobre a tristeza da aprovação por parte do presidente da republica do casamento entre pessoas do mesmo sexo, queria ainda meditar sobre o dom da vida já que nestes dias celebrei-o de forma alegre e grata.

Assim, começando pela visita do Santo Padre, gostava de vos dizer que das coisas que mais me impressionou foi surpreendente alegria que vi constantemente no seu rosto, na sua expressão, na sua linguagem de amor. Na verdade ele trouxe-nos desafios muito fortes, desafios que têm de ser clarificados e melhorados, quer na vida da sociedade que na vida de cada um de nós, ou seja, não vale apenas os Vivas ao Papa que demos, agora é preciso dizer que a sua mensagem é também para nós. Guardo com especial emoção o momento em que o vi ao vivo no Terreiro do Paço, em que senti emoção ao ver passar Pedro, ao ver passar o homem que sucedia àquele a quem Jesus perguntou: Tu Amas-me? Nessa tarde tudo foi perfeito, a chegada, os cânticos, a missa, a homilia, a alegria daquele olhar do Papa. Tudo foi especial e levou-me com uma enorme alegria para a frente da nunciatura como forma de cantar e esperar que o Papa me dissesse algo, que o Papa falasse aos milhares de jovens que ali estavam, alegria que levou-me a Fátima, enfim alegria que tornou aqueles dias mais belos, diferentes, especiais. Momento marcante foi também Fátima, ver o Papa de joelhos aos pés da Senhora, tal como João Paulo II tinha feito, fez-me compreender que tenho muito caminho a percorrer para me converter, para saber o que é verdadeiramente ser fiel ao chamamento que sinto ser feito todos os dias por Jesus Cristo, para saber o que é se por de joelhos perante a Mãe que me leva sempre ao Filho. Foram de facto dias que ainda estou a digerir, palavras que ainda releio, sentimentos que ainda amadurecem...

Outra das coisas que vos queria falar era da aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Confesso que fiquei triste ao ver esta forma de agir por parte do nosso presidente, que relembro depois de um discurso de inicio de ano voltado para a dignidade da família e outras coisas mais, agora tira esta dimensão natural ao casamento, procurando corromper um nome que tem uma dignidade que ultrapassa qualquer iluminação humana, qualquer vontade pessoal com o intuito de agradar minorias. Deixei claramente de confiar nas ideias de um presidente que apenas faz as coisas por sua conveniência, que não mostra uma lealdade às suas convicções, aos seus propósitos morais como pessoa que é, que em tempos apresentou. Está muita coisa contrário na política deste país!

Quanto ao dom da vida, queria primeiramente agradecer a Deus e à minha família pelo facto de hoje estar convicto que viver não é só por mim nem para mim mas essencialmente é dar-se como pincel onde a mão de Deus fará o resto. Sinto, no entanto, é que muitas vezes fujo a ser esse pincel, prefiro ser mão, mão que opera a transformação esquecendo toda a dimensão que tem Deus na minha vida, o que posteriormente me leva a um sentimento de tudo menos de dever cumprido. Por isso é que digo, aos 23 anos tenho muito que me converter e realmente entender o sentido que é sofrer para as coisas bem fazer.

Rezem por mim, pelo nosso País, pelo Papa!

sábado, 17 de abril de 2010

O Testemunho gera vocações



MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA A SEMANA DAS VOCAÇÕES

O 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no IV Domingo de Páscoa – Domingo do «Bom Pastor» – a 25 de Abril de 2010, oferece--me a oportunidade de propor à vossa reflexão um tema que quadra bem com o Ano Sacerdotal: O testemunho suscita vocações. De facto, a fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da acção gratuita de Deus, mas é favorecida também – como o confirma a experiência pastoral – pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada, pois o seu testemunho pode suscitar noutras pessoas o desejo de, por sua vez, corresponder com generosidade ao apelo de Cristo. Assim, este tema apresenta-se intimamente ligado com a vida e a missão dos sacerdotes e dos consagrados. Por isso, desejo convidar todos aqueles que o Senhor chamou para trabalhar na sua vinha a renovarem a sua fidelidade de resposta, sobretudo neste Ano Sacerdotal que proclamei por ocasião dos 150 anos de falecimento de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, modelo sempre actual de presbítero e pároco.

Já no Antigo Testamento os profetas tinham consciência de que eram chamados a testemunhar com a sua vida aquilo que anunciavam, prontos a enfrentar mesmo a incompreensão, a rejeição, a perseguição. A tarefa, que Deus lhes confiara, envolvia-os completamente, como um «fogo ardente» no coração impossível de conter (cf. Jr 20,9), e, por isso, estavam prontos a entregar ao Senhor não só a voz, mas todos os elementos da sua vida. Na plenitude dos tempos, será Jesus, o enviado do Pai (cf. Jo 5,36), que, através da sua missão, testemunha o amor de Deus por todos os homens sem distinção, com especial atenção pelos últimos, os pecadores, os marginalizados, os pobres. Jesus é a suprema Testemunha de Deus e da sua ânsia de que todos se salvem. Na aurora dos novos tempos, João Baptista, com uma vida gasta inteiramente para preparar o caminho a Cristo, testemunha que, se cumprem, no Filho de Maria de Nazaré, as promessas de Deus. Quando O vê chegar ao rio Jordão, onde estava a baptizar, João indica-O aos seus discípulos como «o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O seu testemunho é tão fecundo que dois dos seus discípulos, «ouvindo o que ele tinha dito, seguiram Jesus» (Jo 1,37).

Também a vocação de Pedro, conforme no-la descreve o evangelista João, passa pelo testemunho de seu irmão André; este, após ter encontrado o Mestre e aceite o seu convite para permanecer com Ele, logo sente necessidade de comunicar a Pedro aquilo que descobriu «permanecendo» junto do Senhor: «“Encontrámos o Messias” (que quer dizer Cristo). E levou-o a Jesus» (Jo 1,41-42). O mesmo aconteceu com Natanael – Bartolomeu – graças ao testemunho doutro discípulo, Filipe, que cheio de alegria lhe comunica a sua grande descoberta: «Acabámos de encontrar Aquele de quem escreveu Moisés na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus, o filho de José, de Nazaré» (Jo 1,45).

A iniciativa livre e gratuita de Deus cruza-se com a responsabilidade humana daqueles que acolhem o seu convite, e interpela-os para se tornarem, com o próprio testemunho, instrumentos do chamamento divino. O mesmo acontece, ainda hoje, na Igreja: Deus serve-se do testemunho de sacerdotes fiéis à sua missão, para suscitar novas vocações sacerdotais e religiosas para o serviço do seu Povo. Por esta razão, desejo destacar três aspectos da vida do presbítero, que considero essenciais para um testemunho sacerdotal eficaz.

Elemento fundamental e comprovado de toda a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada é a amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo d’Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus. Se o sacerdote é o «homem de Deus», que pertence a Deus e ajuda a conhecê-Lo e a amá-Lo, não pode deixar de cultivar uma profunda intimidade com Ele e permanecer no seu amor, reservando tempo para a escuta da sua Palavra. A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Tal como o apóstolo André comunica ao irmão que conheceu o Mestre, assim também quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-Lo «visto» pessoalmente, deve tê-Lo conhecido, deve ter aprendido a amá-Lo e a permanecer com Ele.

Outro aspecto da consagração sacerdotal e da vida religiosa é o dom total de si mesmo a Deus. Escreve o apóstolo João: «Nisto conhecemos o amor: Jesus deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos» (1 Jo 3,16). Com estas palavras, os discípulos são convidados a entrar na mesma lógica de Jesus que, ao longo de toda a sua vida, cumpriu a vontade do Pai até à entrega suprema de Si mesmo na cruz. Manifesta--se aqui a misericórdia de Deus em toda a sua plenitude; amor misericordioso que derrotou as trevas do mal, do pecado e da morte. A figura de Jesus que, na Última Ceia, Se levanta da mesa, depõe o manto, pega numa toalha, ata-a à cintura e Se inclina a lavar os pés aos Apóstolos, exprime o sentido de serviço e doação que caracterizou toda a sua vida, por obediência à vontade do Pai (cf. Jo 13,3-15). No seguimento de Jesus, cada pessoa chamada a uma vida de especial consagração deve esforçar-se por testemunhar o dom total de si mesma a Deus.

Daqui brota a capacidade para se dar depois àqueles que a Providência lhe confia no ministério pastoral, com dedicação plena, contínua e fiel, e com a alegria de fazer-se companheiro de viagem de muitos irmãos, a fim de que se abram ao encontro com Cristo e a sua Palavra se torne luz para o seu caminho. A história de cada vocação cruza-se quase sempre com o testemunho de um sacerdote que vive jubilosamente a doação de si mesmo aos irmãos por amor do Reino dos Céus. É que a presença e a palavra de um padre são capazes de despertar interrogações e de conduzir mesmo a decisões definitivas (cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 39).

Um terceiro aspecto que, enfim, não pode deixar de caracterizar o sacerdote e a pessoa consagrada é viver a comunhão. Jesus indicou, como sinal distintivo de quem deseja ser seu discípulo, a profunda comunhão no amor: «É por isto que todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35). De modo particular, o sacerdote deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz de fazer caminhar unido todo o rebanho que a bondade do Senhor lhe confiou, ajudando a superar divisões, sanar lacerações, aplanar contrastes e incompreensões, perdoar as ofensas. Em Julho de 2005, no encontro com o Clero de Aosta, afirmei que os jovens, se virem os sacerdotes isolados e tristes, com certeza não se sentirão encorajados a seguir o seu exemplo. Levados a considerar que tal possa ser o futuro de um padre, vêem aumentar a sua hesitação. Torna-se importante, pois, realizar a comunhão de vida, que lhes mostre a beleza de ser sacerdote. Então, o jovem dirá: «Isto pode ser um futuro também para mim, assim pode-se viver» (Insegnamenti, vol. I/2005, 354). O Concílio Vaticano II, referindo-se ao testemunho capaz de suscitar vocações, destaca o exemplo de caridade e de fraterna cooperação que devem oferecer os sacerdotes (cf. Decreto Optatam totius ).

Apraz-me recordar o que escreveu o meu venerado predecessor João Paulo II: «A própria vida dos padres, a sua dedicação incondicional ao rebanho de Deus, o seu testemunho de amoroso serviço ao Senhor e à sua Igreja – testemunho assinalado pela opção da cruz acolhida na esperança e na alegria pascal – a sua concórdia fraterna e o seu zelo pela evangelização do mundo são o primeiro e mais persuasivo factor de fecundidade vocacional» (Pastores dabo vobis ). Poder-se-ia afirmar que as vocações sacerdotais nascem do contacto com os sacerdotes, como se fossem uma espécie de património precioso comunicado com a palavra, o exemplo e a existência inteira.

Isto aplica-se também à vida consagrada. A própria existência dos religiosos e religiosas fala do amor de Cristo, quando O seguem com plena fidelidade ao Evangelho e assumem com alegria os seus critérios de discernimento e conduta. Tornam-se «sinais de contradição» para o mundo, cuja lógica frequentemente é inspirada pelo materialismo, o egoísmo e o individualismo. A sua fidelidade e a força do seu testemunho, porque se deixam conquistar por Deus renunciando a si mesmos, continuam a suscitar no vens o desejo de, por sua vez, seguirem Cristo para sempre, de modo generoso e total. Imitar Cristo casto, pobre e, obediente e identificar-se com Ele: eis o ideal da vida consagrada, testemunho do primado absoluto de Deus na vida e na história dos homens.

Fiel à sua vocação, cada presbítero, cada consagrado e cada consagrada transmite a alegria de servir Cristo, e convida todos os cristãos a responderem à vocação universal à santidade. Assim, para se promoverem as vocações específicas ao ministério sacerdotal e à vida consagrada, para se tornar mais forte e incisivo o anúncio vocacional, é indispensável o exemplo daqueles que já disseram o próprio «sim» a Deus e ao projecto de vida que Ele tem para cada um.

O testemunho pessoal, feito de opções existenciais e concretas, há-de encorajar, por sua vez, os jovens a tomarem decisões empenhativas que envolvem o próprio futuro. Para ajudá-los, é necessária aquela arte do encontro e do diálogo capaz de os iluminar e acompanhar sobretudo através do exemplo de vida abraçada como vocação. Assim fez o Santo Cura d’Ars, que, no contacto permanente com os seus paroquianos, «ensinava sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar» (Carta de Proclamação do Ano Sacerdotal, 16/06/2009).

Que este Dia Mundial possa oferecer, uma vez mais, preciosa ocasião para muitos jovens reflectirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, guarde o mais pequenino gérmen de vocação no coração daqueles que o Senhor chama a segui-Lo mais de perto; faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade. Por esta intenção rezo, enquanto concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 13 de Novembro de 2009

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pai do Céu, Mãe da Igreja: Totus Tuus

Um dia sonhei que seria cantor mas aprendi que nada é mais belo do que ouvir a voz do outro…
Um dia acordei a pensar que seria condutor, mas cedo percebi que por mais que quisesse nunca teria a oportunidade de conhecer todas as estradas... todos os caminhos…
Um dia pensei ser actor, mas facilmente compreendi que o teatro da vida é muito difícil de se encenar…
Um dia pensei ser professor, mas logo percebi que me custa muito aprender quanto mais difícil seria ensinar…
Um dia pensei ser eu, depois descobri Jesus que me disse:

Homem novo, renasce, Segue-Me!

Dias depois disse-lhe: Senhor “Totus Tuus” e a Maria, “Totus Tuus Maria”.

Agora penso: Fiat Voluntas Tua!

Pedro Nóbrega



sexta-feira, 9 de abril de 2010

Eis aqui o escravo do Senhor, faça-se em mim segundo a Sua palavra.

Caros amigos, deixo-vos a palavra do primeiro grande passo da minha caminhada com Cristo! Este passo é sem duvidas o confirmar de uma caminhada, é como que um primeiro acto de entrega assim como Cristo me pede! A Igreja quer, eu também quero, Cristo chama-me e eu quero estar disposto a responder como Maria, "Eis aqui o escravo do Senhor, faça-se e mim segundo a Sua Palavra." (cf. Lc 1, 38)


Filhos caríssimos, Deus Pai revelou e realizou o mistério da salvação por meio de seu Filho Jesus Cristo, feito homem, o qual, depois de nos ter revelado todas as coisas confiou à sua Igreja a missão de anunciar o Evangelho a todos os povos.
Como Leitores que proclamam a Palavra de Deus, ides prestar uma grande ajuda nesta missão. Para isso recebereis no povo de Deus um ofício particular, e sereis designados para servir a fé, que tem a sua raiz na Palavra de Deus.
Haveis de ler a Palavra de Deus na assembleia litúrgica, educareis na fé as crianças e os adultos, prapará-lo-eis para receberem dignamente os Sacramentos, e anunciareis a Boa Nova da salvação aos homens que ainda não a conhecem. Deste modo, e com a vossa ajuda os homens poderão chegar ao conhecimento de Deus Pai e de seu Filho Jesus Cristo, por Ele enviado, e conseguir a vida eterna.
Quando anunciares aos outros a Palavra de Deus, recebei-a vós também em docilidade ao Espírito Santo, meditai-a atentamente, para adquirires cada vez mais o suave e vivo amor da Sagrada Escritura, e com a vossa vida, revelai o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Irmãos caríssimos, roguemos a Deus Pai que derrame a graça da sua bênção sobre estes servos, escolhidos para o ministério dos Leitores, e que eles, desempenhando com zelo o mistério que lhes é confiado e anunciando a Cristo, glorifiquem o Pai que está nos céus.
Senhor nosso Deus, fonte de toda a luz e bondade, que enviaste o vosso Filho Unigénito, Palavra da vida, para revelar aos homens o mistério do vosso amor, (…), escolhidos para o mistério dos Leitores, e concedei que, meditando assiduamente a vossa Palavra, sejam nela instruídos, e fielmente a anunciem aos seus irmãos.

Palavra do Momento em que se dá a Instituição:
Recebe o livro da Sagrada Escritura e anuncia fielmente a Palavra de Deus, para que ela seja cada vez mais viva no coração dos homens.


Rezem por mim!

terça-feira, 23 de março de 2010

Sou como um verme...

Ao olhar o sol da primavera fico com o olhar ofuscado e o pensamento entranhado na leveza e profundidade do Teu Amor.
Ao descobrir as plantas fico com o coração alegre por ter a vontade de Te bendizer.
Ao encontrar a terra fico feliz por saber que posso ser trigo a despontar…
Ao encontrar-me comigo percebo que nada sou senão homem que vive como verme…
Ao encontrar-me com o meu ser compreendo que nada valho diante de Ti
Ao descobrir-me junto a Ti percebo que o caminho é longo e tudo o que me dás para caminhar, é quase sempre desaproveitado…
Ao rezar percebo que não o sei fazer, que não o faço muitas vezes por Te ter como Dom, mas simplesmente porque tem que ser…
Por vezes percebo que simplesmente Te encontro como refugio, como Homem que me pode ajudar a encontrar aquilo que constantemente procuro…
Senhor, que eu saiba ser moldado por Ti, que eu descubra sempre que só em Ti, que derramaste o Sangue por mim, está a Vida Eterna…
Perdoa-me, por não ser senão como um ladrão que desaproveita tudo o que me Tens dado!
Que eu tenha a coragem de dizer como Tu: Pai que se faça a Tua vontade e não a minha!


Kefas 23-03-2010

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Madeira...




A beleza incomparável da tua cara encontra-se agora desfigurada, sinto uma tristeza enorme ao ver-te continuamente a chorar sem conseguires senão por forma descontrolada encontrar aquele sinal que nos dê alento, nos dê vida.

Nós que te amamos, sentimos agora o coração despedaçado em busca de um lugar que ainda te possa tornar bela. Sabemos que és forte e saberás com o teu conselho e fortaleza (que só quem te ama percebe), encontrar novamente aqueles lírios e campos que te dão a beleza que espelha a vontade Criadora a teu respeito.

Irritaste-te e quiseste levar contigo alguns dos Homens que para ti criaste, quiseste que eles fossem até Deus pedir protecção, olhar do alto com esperança de que é possível renascer no meio da destruição que o teu choro provocou…

Hoje quero dizer que estou contigo em espírito… Vou para retiro pedir, entre outras coisas, que te ergas depressa, que te tornes bela rapidamente, que toda esta união que criaste com a tua fúria, seja agora e sempre motivo de comunhão entre todos.

Sei que posso muito escrever, mas nada poderá espelhar aquilo que sinto em relação a ti neste momento…

Ontem diria que te amava e que tinha muito orgulho de ser teu filho, hoje digo que te Amo e tenho muito Orgulho de ser teu Filho…

Peço-te agora que o pior já passou, cuida bem daqueles que deixaste viver e faz com que rapidamente se encontrem aqueles que contigo acabaram por sofrer…

Amo-te querida Madeira… Perdoa-me por não poder fazer muito mais por ti…



Pedro Nóbrega 22-2-2010


Eu não queria ir às JMJLISBOA2023, a razão obrigou… A BONDADE GANHOU!

Sim, é verdade, mesmo depois de ter participado nas JMJ de 2011 em Madrid, de 2016 em Cracóvia, durante muito tempo andei desinteressado das...