terça-feira, 5 de outubro de 2021

A dor na alma é mais perigosa que a dor física...

    
    Alguém inspirado, escreveu, em tempos, o seguinte: “A dor na alma é mais perigosa que a dor física, pois carrega um silêncio que destrói...” Que sabedoria tem esta expressão. Quanta verdade, quanta vida, quanta morte. Desculpem todos os que se derem ao trabalho de ler estas linhas mas, hoje, a minha ideia é  falar-vos do contraste desta foto, dos momentos que parecem ser especiais, mas mais não são que dolorosos e infinitamente vazios. 
Faz, neste dia 5 de outubro, precisamente um ano que me tiraram esta foto. Quando a vi, pensei logo no uau que ela estava. No entanto, hoje ao refletir nela, pensava em como estava naquele tempo em que foi tirada, como ia a alma, a vida e o coração e o desejo de viver. 
Ao olhar esta foto contemplo a escuridão da minha alma naquele tempo duro da vida, a desesperança, o desejo de deitar por terra todos os sonhos, a inconfundível tristeza que me ia no coração. Quanto à vida naquele tempo eu não vivia, eu sobrevivia. Fazia acontecer na vida dos outros muita coisa que não acreditava possível. Estava quase numa crise de identidade que me levou a perguntar por inúmeras vezes o que fazia eu aqui... Que necessidade tinha o mundo de me continuar a aturar e a suportar? O coração palpitava, mas só o fazia porque tinha que ser, não porque fosse minha vontade viver. O vazio foi tão grande que o desejo de viver confundiu-se por inúmeras vezes com o desejo de morrer. 
Hoje, quando olho para esta imagem, pergunto-me novamente o porquê de naquele dia querer fazer daquele longínquo horizonte o meu lugar? Sim, o desejo era ir e nunca mais contemplar ninguém, mesmo ninguém... 
Há erros que nos tornam muito vazios, fechados e envergonhados com os passos que damos. Erros que nos levam a querer isso mesmo, morrer. Não por querer desistir, mas por querer acabar o sofrimento... 
Hoje, olho para esta imagem e compreendo que muitos dos sonhos tinham sido só adiados, porque do outro lado da escuridão estavam alguns anjos a dizer para me agarrar aos anjos deste mundo que, percebendo o que se passava, queriam erguer-me. Anjos que não se limitaram a um desenrasca-te, mas que tudo fizeram para que eu sentisse que por enquanto o meu lugar era aqui! 
Com esta imagem e estas palavras quero, mais uma vez, agradecer a quem me quis vivo. Quero despreocupar quem, vendo o barco a afundar, não se preocupou em fazer nada e apenas se limitou a ver. A esses o meu obrigado por me ajudarem a ver melhor. Quero agradecer a quem me quis ajudar e eu não deixei. Sim, não deixei. Não queria mostrar que precisava, que estava no fundo. A ti, que quiseste e eu não deixei, não te preocupes... eu sei que desejaste. 
A vida por vezes é como um comboio que passa sem deixar um rasto da sua passagem. Mas, todos quantos quiseram ver-me vivo e empurraram-me para dentro da vossa carruajem... a vocês que isso fizeram obrigado. 
Desculpa se este texto te magoou, se porventura ele te fez dizer: “eu sabia que se passava algo...”, mas se não te preocupaste comigo, não te preocupes agora, a vida continua, há sempre um hoje e amanhã! 
Agora o que fazer? Viver acreditando que os sonhos, mesmo que tarde, se vão tornar vida. Viver acreditando que não há instituição maior que a amizade e o amor verdadeiros e que há muitos que passam por nós e apenas nos deixam sós, e muitos levam e percebem um pouco de nós! 
       
       Um abraço a ti que chegaste ao fim deste meu texto! 
    Lembra-te que a vida continua pois como ainda hoje postei ”Vives como se tivesses sempre um comboio para apanhar. Mas às vezes a felicidade não está na carruagem, mas na paragem!”

  Pedro Nóbrega 
05-10-2021


5 comentários:

Alfredo Barbosa Araújo disse...

Bom dia Padre Pedro, a vida é feita de situações boas e menos boas é preciso ter fé e força para ultrapassá-las assim como ter de dar tempo ao tempo, falo porque já passei por momentos duros quando perdi pai e mãe no mesmo ano
Conheço-o desde criança assim como a sua família do lado da sua mãe, o meu avo era o vizinho do lado a casa do seu avo e lembro-me perfeitamente da era de malhar o trigo


Cumprimentos
Um abraço
Alfredo Barbosa Araújo

MEHC disse...

Bom dia, Padre Pedro. Quero agradecer-lhe e dizer-lhe que,nas vezes em que eu e a minha família nos cruzámos consigo, fez toda a diferença. Ficámos melhores.
Por isso e por quem lá tem a olhar por si, peço que acredite sempre em si e siga com confiança e fé. E, se possível, com alegria, pois a vida é feita de tudo isto que nos vai ocorrendo.
Um abraço de amizade.

MEHC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Betuxa disse...

A vida é feita de altos e baixos não é constante, por vezes é preciso passar por uma tempestade para se dar valor aos dias de sol, há que ter fé e acreditar que dias melhores virão,as perdas, as desilusões fazem parte dela.

Unknown disse...

Um ciclo cheio de fé e harmonia para chegar onde se está neste momento :)

Eu não queria ir às JMJLISBOA2023, a razão obrigou… A BONDADE GANHOU!

Sim, é verdade, mesmo depois de ter participado nas JMJ de 2011 em Madrid, de 2016 em Cracóvia, durante muito tempo andei desinteressado das...