quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Está decidido! Eu quero morrer!!!



Muitos têm sido os debates em torno da Eutanásia e da Morte Assistida que temos assistido nos últimos tempos. Felizmente que o pluralismo social e a liberdade de pensamento nos têm levado a uma dinâmica que não passa apenas pelo sim ou pelo não. Vai muito para além disso.
Ainda na passada segunda-feira (17 de fevereiro de 2020), no debate promovido pelo Prós e Contras, vimos diversos pontos de vista e ouvimos: constitucionalistas, advogados, políticos, médicos, treinadores de futebol, crentes e não crentes. Foi um debate de alguma elevação e que trouxe, a meu ver, o ponto principal no meio de tudo isto, o princípio da autonomia.
Todos somos livres, condicionados por muitos factores, mas felizmente, livres para tomar diversas opções na nossa vida. No entanto, existe uma em específico que, por mais livres que sejamos, não a podemos tomar: a de viver!
Ouvimos vários intervenientes dizer que a Eutanásia feria a vida e que eram sim necessários os cuidados paliativos. Ouvimos outros dizer que temos que ter cuidado com a obstinação terapêutica, que muitas vezes não cuida, apenas prolonga de forma cruel a vida. Ouvimos ainda quem falasse de uma escolha plena de liberdade, no sentido de não ser necessária análise de ninguém, apenas o direito a morrer e ponto final.
Depois o ex-deputado Adolfo Mesquita Nunes levantou aquela que, quanto a mim, é a questão principal, a tal e afamada, desejada, venerada e idolatrada liberdade de escolha, que mais não é que uma escolha muito condicionada por uma análise clínica que a pode declinar. Com isto percebemos que a Eutanásia não é de modo algum aquilo que a própria palavra quer traduzir, não é uma morte feliz por escolha pessoal, mas sim por escolha de outros (leia-se comissão de médicos e outros profissionais, que decide).
Então, o que se está a decidir é tornar legal algo que é crime. Nada mais que isso! Não prolonguemos esta mentira pegada de populismo demagógico que apenas confunde as pessoas.
No ano 2018, mais precisamente, no dia 26 de Março pelas 14:30 mais coisa menos coisa, a minha mãe diz “Se houvesse a Eutanásia, eu pediria.” As dores eram muitas e a medicação não estava a fazer efeito. A terapia da dor, (que acredito que tenha procurado fazer o melhor) tinha tirado a terapêutica prescrita pela oncologista que a acompanhava e posto algo que “não estava a funcionar.” Aquilo para mim foi um soar bem alto ao ouvido: “Pedro faz alguma coisa, mexe-te!” Falei com a médica que a acompanhava e a terapêutica foi novamente ajustada. Nesse dia 26 à noite fui ao hospital novamente, e aquela mulher que gemia de dor, sorria de esperança!!! 
Às vezes pode não parecer, mas mais que fazer o doente sofrer há que criar condições de conforto na doença e simplesmente procurar tudo para os confortar! Foi também essa a noite em que tive aquela conversa onde se fala de tudo, se agradece tudo e se pede perdão pelo que não conseguimos fazer de melhor! 
Nunca será fácil recordar aqueles meses de terapêuticas atrás de terapêuticas, mas também seria para mim difícil se as coisas, que culminaram no dia 31 de Março, não tivessem acontecido de forma natural...
Deixem-me morrer quando a vida assim o determinar e não houver mais terapêutica que me possa ajudar, deixem-me morrer quando tiver que ser e como tiver que ser.
Sim, porque no fundo eu já decidi, não quero que me matem, quero é morrer!

Pe. Pedro Nóbrega 
19-02-2020

Eu não queria ir às JMJLISBOA2023, a razão obrigou… A BONDADE GANHOU!

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