No Monte morreram PESSOAS...
Pensei muito, durante esta tarde,
perante tudo o que ouvia, o que lia e o que tentava compreender, se devia
escrever sobre isto ou não. Ser padre não é ter certeza absoluta nem tentar
justificar aquilo sobre o qual não conseguimos justificação, mas como
provocador de esperança, nestes momentos não nos podemos cingir apenas ao
silêncio. Todos os que me conhecem sabem que não sou de atribuir tudo o que é
bom a Deus e tudo o que é mau aos homens. Aqueles que comigo privam sabem
perfeitamente como dou importância ao trabalho humano e quanto a nossa
cooperação com o trabalho divino é importante!
O que aconteceu hoje no Monte foi
acima de tudo a morte de pessoas… Pessoas que tinham sonhos, ilusões, esperança
numa vida melhor... Pessoas que tinham famílias, gente de bem que certamente ao
colocar a vela, ao subir ao Monte não foram apenas porque os outros iam, mas
sim por fé. Fé que a sua vida não é apenas deste mundo, fé que no seu caminho
precisavam da proteção maternal de Maria, fé que a sua vida poderia ser
diferente...
Mas... Porquê???? Porquê que
tinham que partir ali? Porquê que tinham que sofrer ali? Porquê que a árvore
caiu precisamente naquele momento em que todos se preparavam para expressar a
fé que Maria do Monte nos pode ajudar? São estas as respostas para as quais não
encontro explicação, são estas as perguntas que me revelam claramente que somos
meros vasos de barro prontos a partir, prontos a deixar de ser... Mais que
encontrarmos a culpa, agora é momento de pensar em quem sofre, é momento de
respeitar o dom da vida de quem foi para junto d’Aquele que os levou até ali
neste dia...
A Igreja do Monte será sempre um
lugar de fé e de esperança, um lugar de encontro e partilha, um lugar de vida e
de morte... Mas a nossa esperança não pode ser fundada apenas e só neste
mundo... Quem vai ao Monte, só vai porque o Céu é lugar para todos os que
partem, natural ou tragicamente... No meio de tanta coisa que neste dia
dissemos, pensamos e escrevemos não nos esqueçamos que o mais importante é
acompanhar aqueles que sofrem com os ferimentos, aqueles que sofrem porque
alguém que amavam partiu...
Deixo uma prece do Papa Francisco
hoje em Roma: “Confiemos a Maria as ansiedades e as dores das populações que em
tantas partes do mundo sofrem por causa das calamidades naturais, de tensões
sociais ou de conflitos. Que a nossa Mãe Celeste, obtenha para todos a
consolação e um futuro de serenidade e de concórdia!”
Não nos esqueçamos que no Monte
não morreram árvores, MORRERAM PESSOAS!
Paz às suas almas
Pe. Pedro Nóbrega
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15-08-2017