terça-feira, 5 de agosto de 2025

🎙️🚗 Um Sonho Conduzido Pela Paixão 🚗🎙️


Há sonhos que nascem connosco. Que crescem em silêncio, alimentados por cada motor que murmura ao longe, por cada curva desenhada na montanha, por cada voz que ouvimos na rádio a relatar a emoção do rali. Um dos meus sonhos? Ser uma dessas vozes no melhor rali da madeira. Durante os dias 31 de Julho, 1 e 2 de Agosto, esse sonho tornou-se real: fui comentador de ralis no Posto Emissor do Funchal. Sim… no coração de uma rádio madeirense, num palco onde tantos talentos já brilharam, tive a honra de dar voz à paixão que me move há tanto tempo, sobretudo na prova rainha, o Rali da Madeira. Foram três dias que dificilmente esquecerei. Não só pelo que vivi atrás do microfone, em estúdio, com pessoas como o Cláudio Perestrelo, Paulo Madruga e José Manuel Ferreira, mas também pela alegria gerada nas conversas com os comentadores Américo Campos e Marco Sousa. Ficam igualmente na memória as preciosas ajudas do Pe. João, do Luís Lemos Gomes, do Manuel José Pita, do Paulo Figueira, da Sofia, da Angélica, do Pedro, do Nuno Figueira, do Daniel Gonçalves e de todos os que, ligados ao PEF, nos apoiaram com dedicação e carinho nestes dias. Um enorme obrigado a todos os pilotos e copilotos que acederam a falar connosco enquanto PEF, vozes que dão vida à competição, à estrada, à luta contra o tempo e os limites. Mas também foi inesquecível pelo que senti: a concretização de um sonho que parecia difícil… mas aconteceu! Aconteceu com alma, com garra, com aquele arrepio que só os ralis sabem provocar. Quero agradecer profundamente a algumas pessoas que me foram inspirando ao longo destes anos, talvez alguns fiquem surpreendidos com a menção: O Paulo Almada, por tanto, mas tanto, que faz para nos trazer a melhor informação sobre esta modalidade que nos apaixona. O Marco Cabral, pela forma brilhante como comenta os ralis na Antena 3 Madeira, e pela ajuda preciosa para compreender melhor esta arte de conduzir no limite. O Zé Manel Ferreira, que na minha adolescência era uma referência absoluta com o inesquecível "Motores na 3". O Marco Sousa, que sempre que comenta nos obriga a pensar, a olhar mais fundo para os pilotos, os navegadores e as equipas. O Cláudio Perestrelo e o Décio Perestrelo, que são verdadeiros “irmãos” nesta caminhada nos ralis. A Valentina Jesus, pela forma como sempre geriu com mestria a azáfama de um parque de assistências. Enfim, são tantos os que me ajudam, de forma directa ou indirecta, a amar ainda mais o mundo dos ralis, esse mundo onde o coração bate ao ritmo do motor e cada curva é uma história. A todos, do fundo do coração: obrigado por me ajudarem a realizar este sonho. E a quem ainda sonha… nunca deixem o vosso motor apagar. Porque quando se acelera com o coração, a linha de chegada deixa de ser um ponto e passa a ser o início de algo ainda maior. Gratidão!!!

terça-feira, 24 de junho de 2025

De Barriga Cheia

Há tempo, ao escutar um podcast, ouvia esta expressão de alguém que se sentia grato pelo percurso que a sua vida levava. Não que nunca tivesse tido problemas, stress, momentos de solidão e medo, mas porque sabia que a sua vida, quando agarrada como tal, era simplesmente um mergulho de bênçãos.Na verdade, se olharmos para a nossa vida, se repararmos nas pessoas que são bênçãos para nós, nos medos que já vencemos, nas conquistas e derrotas, nos trilhos inesperados, vamos percebendo que, só por viver, somos abençoados. Só por poder conhecer cada manhã, cada abrir da beleza matinal no contexto do nosso existir, somos, sem sombra de dúvida, portadores de algo extraordinário!Então, porque será que muitos vivemos a sobreviver e não a “superviver”? Porque será que muitos não veem a bênção no que têm e vão construindo? Certamente por falta de gratidão. Falta de encarar o ser grato como o primeiro passo para a ambição de um amanhã melhor. Para isso, é preciso coragem: de ver o agora, o hoje de cada vida, não como sobrevivência, mas como dom; não como medo, mas como superação; não como desastre, mas com a certeza de que cada derrota nos traz, quando a encaramos como caminho, mais vida, mais certezas de que, para lá de cada momento em que tudo parece contrário ao que queremos, há uma força de esperança e luz que nos envolve.
Por isto tudo, de barriga cheia da vida que vou vendo como bênção e dom, te peço a ti, que chegaste até aqui: não deixes de acreditar que é possível. Não deixes agora de acreditar que o trabalho bem feito trará caminho, vida e esperança. Não pares de lutar pelo que parece impossível, pois, antes desse impossível, há um “parece”.
E agora, se calhar perguntas: porque escreveu ele tudo isto? Simples: porque já estive de barriga vazia, e houve quem me fizesse acreditar que um dia iria ter outro olhar, outra forma de estar, outra forma de viver.

Confia!
Pedro Nóbrega
20/06/2025


terça-feira, 8 de agosto de 2023

Eu não queria ir às JMJLISBOA2023, a razão obrigou… A BONDADE GANHOU!


Sim, é verdade, mesmo depois de ter participado nas JMJ de 2011 em Madrid, de 2016 em Cracóvia, durante muito tempo andei desinteressado das JMJ 2023. Não consigo explicar a desmotivação, mas parecia que não seria mar para navegar. Depois e com as vicissitudes da vida, vim para as paróquias de Câmara de Lobos e do Carmo e o pe. Marcos Pinto pediu que eu acompanhasse, com mais um outro adulto, um grupo de “alguns” jovens (que se tornaram em 42…) Medos, barreiras pessoais, trabalho académico, tudo me dizia para não ir. Tudo na minha cabeça dizia que ir à JMJ não era bom e não seria no timing certo. Mas há cerca de mês e meio, a razão teve que falar mais alto do que o coração e fui. 
    
Fui com muitos medos, mas sabendo ao que ia. Fui com a expectativa que seria a melhor JMJ de sempre porque era Portugal a organizar. Achei que ia ser uma semana para nunca mais esquecer. E foi! Foi muito mais que eu esperava a todos os níveis. 

O grupo que acompanhei teve enormes dificuldades de adaptabilidade às condições, transporte, alojamento e alimentação, não conseguindo, infelizmente, saborear muito mais que os eventos centrais, tal era a dificuldade de chegar “a casa”. Dormir no chão nunca foi problema, agora noites a dormir 1 a 3 horas, isso acaba com qualquer um. 

Queria parabenizar todos os envolvidos naquele que foi o maior acontecimento em Portugal. Sim o maior de sempre! Nunca nada nem ninguém organizou algo assim. 

Queria agradecer o mar de bondade e tranquilidade que fui vendo nos diversos momentos. Aliás, creio mesmo que a grande vitória das JMJ é essa: a vitória da bondade. Mas que bondade é esta? A do Papa Francisco? A dos jovens? A dos padres bispos e freiras? A da Igreja? Não apenas essa, mas sobretudo, a bondade de Deus a atuar em todos nós! 

A bondade ganhou! Mesmo que todos não caibam na mesma divisão da casa para TODOS, TODOS, TODOS, de cada espaço cada um espreitou pela mesma janela, a da Fé, Esperança e Caridade. 
Obrigado ao Papa Francisco pela sua pedagogia humanista, pela forma simples e apaixonada como nos quis fazer ver que estávamos ali para sermos, ainda mais, instrumentos de bem de amor, instrumentos de Deus, porque a “Casa” que é a Igreja também é a minha casa! 

Mesmo que não quisesse ir vim melhor do que fui, por isso obrigado JMJLISBOA2023!

Pe. Pedro Nóbrega 08-08-2023




quinta-feira, 14 de outubro de 2021

UNIDADE NÃO É UNIFORMIDADE

Nos próximos dias teremos na Diocese do Funchal, um evento que se quer congregador e despertador da fé, da história e da sociedade madeirense em relação a São Tiago Menor. Poucos cristãos madeirenses, até há pouco tempo, se preocupava ou sabia da importância do São Tiago menor. Este foi há 500 anos escolhido em sorte, para ser o protetor conta a peste. Hoje o desejo é dar a conhecer a sua história, dar a conhecer o seu contexto bíblico a sua apostolicidade e o seu testemunho de santidade. É por isso que a passagem das relíquias me tem levado a ler algumas coisas interessantes. Não estejam à espera apenas de coisas bonitas sobre o tema. Fiz um apanhado de alguns artigos interessantes que nos podem ajudar na reflexão, tão importante no nosso tempo sobre este tema.  Artigos estes que não esgotam, pelo contrário, ajudam a abrir mais horizontes sobre o tema. Que estes artigos ajudem a um discernimento que não se esgota na visão de cada um. Pensar é mãe de muitos caminhos novos e pensamentos ainda mais clarificados. 
















BOAS LEITURAS












terça-feira, 5 de outubro de 2021

A dor na alma é mais perigosa que a dor física...

    
    Alguém inspirado, escreveu, em tempos, o seguinte: “A dor na alma é mais perigosa que a dor física, pois carrega um silêncio que destrói...” Que sabedoria tem esta expressão. Quanta verdade, quanta vida, quanta morte. Desculpem todos os que se derem ao trabalho de ler estas linhas mas, hoje, a minha ideia é  falar-vos do contraste desta foto, dos momentos que parecem ser especiais, mas mais não são que dolorosos e infinitamente vazios. 
Faz, neste dia 5 de outubro, precisamente um ano que me tiraram esta foto. Quando a vi, pensei logo no uau que ela estava. No entanto, hoje ao refletir nela, pensava em como estava naquele tempo em que foi tirada, como ia a alma, a vida e o coração e o desejo de viver. 
Ao olhar esta foto contemplo a escuridão da minha alma naquele tempo duro da vida, a desesperança, o desejo de deitar por terra todos os sonhos, a inconfundível tristeza que me ia no coração. Quanto à vida naquele tempo eu não vivia, eu sobrevivia. Fazia acontecer na vida dos outros muita coisa que não acreditava possível. Estava quase numa crise de identidade que me levou a perguntar por inúmeras vezes o que fazia eu aqui... Que necessidade tinha o mundo de me continuar a aturar e a suportar? O coração palpitava, mas só o fazia porque tinha que ser, não porque fosse minha vontade viver. O vazio foi tão grande que o desejo de viver confundiu-se por inúmeras vezes com o desejo de morrer. 
Hoje, quando olho para esta imagem, pergunto-me novamente o porquê de naquele dia querer fazer daquele longínquo horizonte o meu lugar? Sim, o desejo era ir e nunca mais contemplar ninguém, mesmo ninguém... 
Há erros que nos tornam muito vazios, fechados e envergonhados com os passos que damos. Erros que nos levam a querer isso mesmo, morrer. Não por querer desistir, mas por querer acabar o sofrimento... 
Hoje, olho para esta imagem e compreendo que muitos dos sonhos tinham sido só adiados, porque do outro lado da escuridão estavam alguns anjos a dizer para me agarrar aos anjos deste mundo que, percebendo o que se passava, queriam erguer-me. Anjos que não se limitaram a um desenrasca-te, mas que tudo fizeram para que eu sentisse que por enquanto o meu lugar era aqui! 
Com esta imagem e estas palavras quero, mais uma vez, agradecer a quem me quis vivo. Quero despreocupar quem, vendo o barco a afundar, não se preocupou em fazer nada e apenas se limitou a ver. A esses o meu obrigado por me ajudarem a ver melhor. Quero agradecer a quem me quis ajudar e eu não deixei. Sim, não deixei. Não queria mostrar que precisava, que estava no fundo. A ti, que quiseste e eu não deixei, não te preocupes... eu sei que desejaste. 
A vida por vezes é como um comboio que passa sem deixar um rasto da sua passagem. Mas, todos quantos quiseram ver-me vivo e empurraram-me para dentro da vossa carruajem... a vocês que isso fizeram obrigado. 
Desculpa se este texto te magoou, se porventura ele te fez dizer: “eu sabia que se passava algo...”, mas se não te preocupaste comigo, não te preocupes agora, a vida continua, há sempre um hoje e amanhã! 
Agora o que fazer? Viver acreditando que os sonhos, mesmo que tarde, se vão tornar vida. Viver acreditando que não há instituição maior que a amizade e o amor verdadeiros e que há muitos que passam por nós e apenas nos deixam sós, e muitos levam e percebem um pouco de nós! 
       
       Um abraço a ti que chegaste ao fim deste meu texto! 
    Lembra-te que a vida continua pois como ainda hoje postei ”Vives como se tivesses sempre um comboio para apanhar. Mas às vezes a felicidade não está na carruagem, mas na paragem!”

  Pedro Nóbrega 
05-10-2021


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Está decidido! Eu quero morrer!!!



Muitos têm sido os debates em torno da Eutanásia e da Morte Assistida que temos assistido nos últimos tempos. Felizmente que o pluralismo social e a liberdade de pensamento nos têm levado a uma dinâmica que não passa apenas pelo sim ou pelo não. Vai muito para além disso.
Ainda na passada segunda-feira (17 de fevereiro de 2020), no debate promovido pelo Prós e Contras, vimos diversos pontos de vista e ouvimos: constitucionalistas, advogados, políticos, médicos, treinadores de futebol, crentes e não crentes. Foi um debate de alguma elevação e que trouxe, a meu ver, o ponto principal no meio de tudo isto, o princípio da autonomia.
Todos somos livres, condicionados por muitos factores, mas felizmente, livres para tomar diversas opções na nossa vida. No entanto, existe uma em específico que, por mais livres que sejamos, não a podemos tomar: a de viver!
Ouvimos vários intervenientes dizer que a Eutanásia feria a vida e que eram sim necessários os cuidados paliativos. Ouvimos outros dizer que temos que ter cuidado com a obstinação terapêutica, que muitas vezes não cuida, apenas prolonga de forma cruel a vida. Ouvimos ainda quem falasse de uma escolha plena de liberdade, no sentido de não ser necessária análise de ninguém, apenas o direito a morrer e ponto final.
Depois o ex-deputado Adolfo Mesquita Nunes levantou aquela que, quanto a mim, é a questão principal, a tal e afamada, desejada, venerada e idolatrada liberdade de escolha, que mais não é que uma escolha muito condicionada por uma análise clínica que a pode declinar. Com isto percebemos que a Eutanásia não é de modo algum aquilo que a própria palavra quer traduzir, não é uma morte feliz por escolha pessoal, mas sim por escolha de outros (leia-se comissão de médicos e outros profissionais, que decide).
Então, o que se está a decidir é tornar legal algo que é crime. Nada mais que isso! Não prolonguemos esta mentira pegada de populismo demagógico que apenas confunde as pessoas.
No ano 2018, mais precisamente, no dia 26 de Março pelas 14:30 mais coisa menos coisa, a minha mãe diz “Se houvesse a Eutanásia, eu pediria.” As dores eram muitas e a medicação não estava a fazer efeito. A terapia da dor, (que acredito que tenha procurado fazer o melhor) tinha tirado a terapêutica prescrita pela oncologista que a acompanhava e posto algo que “não estava a funcionar.” Aquilo para mim foi um soar bem alto ao ouvido: “Pedro faz alguma coisa, mexe-te!” Falei com a médica que a acompanhava e a terapêutica foi novamente ajustada. Nesse dia 26 à noite fui ao hospital novamente, e aquela mulher que gemia de dor, sorria de esperança!!! 
Às vezes pode não parecer, mas mais que fazer o doente sofrer há que criar condições de conforto na doença e simplesmente procurar tudo para os confortar! Foi também essa a noite em que tive aquela conversa onde se fala de tudo, se agradece tudo e se pede perdão pelo que não conseguimos fazer de melhor! 
Nunca será fácil recordar aqueles meses de terapêuticas atrás de terapêuticas, mas também seria para mim difícil se as coisas, que culminaram no dia 31 de Março, não tivessem acontecido de forma natural...
Deixem-me morrer quando a vida assim o determinar e não houver mais terapêutica que me possa ajudar, deixem-me morrer quando tiver que ser e como tiver que ser.
Sim, porque no fundo eu já decidi, não quero que me matem, quero é morrer!

Pe. Pedro Nóbrega 
19-02-2020

🎙️🚗 Um Sonho Conduzido Pela Paixão 🚗🎙️

Há sonhos que nascem connosco. Que crescem em silêncio, alimentados por cada motor que murmura ao longe, por cada curva desenhada na montanh...